Aprende-se a pensar com as mãos


No segundo dia, já sem o formador, fomos discutindo e fazendo, sugerindo e alterando, experimentando e pensando.
Tinha sido escolhida a área de intervenção, uma linha de água temporária, com sinais de torrencialidade, numa zona ardida em Agosto, perto de onde o baldio está a fazer umas plantações, com o apoio do Movimento Terra Queimada ou o projecto das 100 mil árvores.
Olhando com atenção vêem-se aqui as pontas de salgueiros, o biorolo, o preenchimento do leito com troncos ardidos, enfim, um conjunto de pequenas intervenções que têm como objectivo reduzir a velocidade da água, aumentar a deposição de sedimentos e aumentar a velocidade de instalação da galeria ripícola.
No dia anterior tínhamos estado a ouvir o Aldo na sala da casa do Eduardo (obrigado pela ajuda).
Foi aí que entre a experiência do Aldo, os videos, os slides, os gráficos, os exemplos ficámos com uma primeira ideia do que aí vinha, com perguntas daqui e dali. O Bernardo mostrou logo que estava interessado numas técnicas de redução de erosão nas encostas com troncos queimados e não descansou enquanto não as aplicou no terreno.
Na verdade começámos primeiro por usar uma técnica mais pesada para proteger o caminho que é atravessado pela água que escorre quando chove a sério.
Um gabião cilíndrico feito no local, na verdade dois sobrepostos, com material de preenchimento do leito a montante para amortecer a água, usando as giestas queimadas disponíveis, sobre as quais deitámos troncos queimados, cruzados e travados, para diminuir o arrastamento, era o ponto de partida para subirmos leito acima, sempre com a ideia de diminuir a torrencialidade e aumentar a deposição dos sedimentos que suportem a futura vegetação.
Experimentámos os biorrolos, que fazem barragens e vão libertando a água mais lentamente, fizemos feixes de ramadas que estavam por ali, mais permeáveis, mais leves, mas também mais baratos e que ajudam a travar a água e solo.
É claro que aprender era o que nos tinha ali levado, mas o que ficou feito, não resolvendo tudo, parece bem mais útil do que pensámos.
E foi isto, um excelente fim de semana, a aprender, a conversar, a passear.
Cheguei a pensar que sabia qualquer coisa do assunto mas que seria complicado fazer e fui-me embora certo de que sei menos do que pensava mas consigo fazer muito mais do que achava.
Com certificado e tudo, como demonstra a Sara.

Nos dias 14 e 15 de Janeiro há mais uma oficina de engenharia natural programada, para quem perdeu esta.








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